REPORTAGEM DE BRUNO AGOSTINI
BOIPEBA - Aeroporto de Salvador, 12h30m de uma terça-feira. Em minutos, vou pegar um voo lotado, o que significa seis passageiros e um tripulante - o piloto, naturalmente. O destino? Morro de São Paulo, com escala em Boipeba, onde ficarei pelos próximos três dias. Quem foi mesmo que disse que é complicado chegar a esta ilha paradisíaca, hein? Saí de casa, no Rio, às 7h30m da manhã e quando o relógio pouco passava das 13h30m já bebia um suco, o saboroso e gelado boas-vindas da Pousada das Mangabeiras, feito com a fruta que lhe dá o nome, porque há dezenas, talvez centenas, de árvores na propriedade. E quem foi mesmo que disse que Boipeba é rústica? Praticamente intocada, sim, uma ilha virgem baiana, mas o lugar já dispõe de boas pousadas e restaurantes. Nada muito sofisticado, porque a simplicidade é um luxo. Andar descalço é um luxo. Comer lagostas até dizer chega é um luxo. Passear de barco no mangue, mergulhar nas piscinas naturais, apreciar uma moqueca de polvo com banana, depois de um pratos de ostras vivas, caminhar por praias desertas, atravessar um rio a pé... Porque Boipeba é assim, um luxo.
Piscina natural, lagosta e caipirinhaEm Boipeba, navegar é preciso mesmo para os que chegam de avião. Porque os passeios de barco são fundamentais para se conhecer a ilha, programas clássicos do local. Tanto que grande parte dos turistas é formada por "estrangeiros": eles saem de Morro de São Paulo, vão até Boipeba e voltam no mesmo dia, geralmente almoçando as lagostas do Guido, o personagem mais famoso da ilha, ou em algum dos bons restaurantes de Moreré.
Para os que estão em Boipeba, há vários tipos de passeio, que podem ser contratados na associação de guias ou nas pousadas: os mais curtos vão só até as piscinas naturais, que ficam bem próximas, e os mais longos demoram o dia inteiro, dando uma volta completa na ilha. Não deixe de fazer. É possível ter um jangadeiro para chamar de seu: alguns barqueiros levam turistas em charmosas canoas a vela. Outra modalidade rústica de passeio é no fim de tarde, com o visitante se embrenhando pelo mangue e assistindo ao pôr do sol dentro das águas do rio.
- O passeio de canoa é lindo, surreal, todos adoram. A gente vai entrando pelo mangue no momento em que o sol está se pondo - conta o guia Marcos Gonçalves, uma figuraça, espécie de líder de sua categoria e profundo conhecer do mar, das trilhas e da fauna e flora de Boipeba (ele garante que foi o responsável por disseminar na ilha a pimenta arriba-saia, que você vai conhecer adiante).
Como em muitos destinos do Nordeste, os programas praianos são regidos pela maré: tanto para apreciar as piscinas naturais, a primeira parada, quanto a coroa de areia, última ancoragem antes do almoço na Cova da Onça, é preciso que o mar esteja baixo. O mesmo vale para fazer as caminhadas para as praias próximas a Velha Boipeba, o que se pode chamar de principal núcleo urbano do pedaço (leia mais na página seguinte).
Ainda bem que você não está em Morro de São Paulo, e pode curtir calmamente Boipeba, que, ao contrário da vizinha mais famosa, conseguiu se manter quase imune às mazelas da superexploração do turismo. O passeio que contorna a ilha, feito em lanchas rápidas, é imperdível. Começa de manhã, em horário variável, que será anunciado na hora de se combinar o programa, de acordo com a tábua de marés.